Wrapped traz ao mundo do cinema mais um projecto da Filmakademie Banden-Wuerttemberg. A curta-metragem da Filmakademie Banden-Wuerttemberg criada no Intituto de Animação, Efeitos Visuais e Digital Pós-prodção, Wrapped relata o modo como a natureza invade a contrução humana. Todo o espelendor de um momento de ganho e perda. Wrapped mostra de forma inversa tudo aquilo que o Homem fez de errado. Lançada no ano de 2014, este gênero de curta-metragem pretende mostrar o idealismo entre natureza e civilização, dualismo entre puro e impuro. Mostra a natureza dona se si a tomar posse de todo aquilo que o homem lhe roubou, toda a sua beleza e naturalidade. Não existe liberdade. Não existe controlo dos nossos atos quando o Homem sonha com idealizações que roubam a verdadeira essência da vida, a natureza, a origem de todas as coisas. Wrapped, após correr mais de 100 festivais de curta metragens por todo mundo foi lançada online dois meses atrás.

Drama

Ensaio

Wrapped

É uma curta tão bem pensada que luz e audio chegam a tocar-nos na pele. "Dysmorphia" é um stop-motion que junta o melhor de dois mundos estéticos: a animação em stop-motion com miniaturas e os negros e tenebrosos, melancólicos dramas dos 70's e 80's. Aliado a ser uma curta "made in Portugal", por dois então alunos de faculdade, Herlander Martins e André Vila Franca, certamente será um must-see no Curta & Meia.

Dysmorphia

A curta El Empleo (em português "_O trabalho"_) estreada em 2008, é uma curta realizada por Santiago Bou Grasso, que denuncia e questiona as relações de trabalho modernas. A curta, que acumula um total de 102 prémios, retrata um dia na vida de um homem que está a preparar-se para ir em direção ao seu trabalho. Ao longo do processo matinal desde o pequeno almoço em sua casa até a chegar no seu trabalho, várias pessoas exercem funções que normalmente seriam exercidas por objetos, como um candeeiro ou cadeiras. Sem diálogos e com 7 minutos de duração, a cidade criada por Grasso denuncia até que nível pode chegar a hierarquia das profissões e questiona a condição humana perante o trabalho. É interessante notar a falta de expressividade no rosto das personagens: não parecem felizes nem tristes. Simplesmente estão habituadas com aquela situação, como se fosse algo extremamente trivial. Não se cumprimentam e não trocam diálogos. Cada um vive na sua individualidade e no seu próprio mundo. Fica a reflexão.

Humor negro

el Empleo

“Balança” é uma curta-metragem escrita e realizada por Rui Falcão, aluno da Escola Superior Artística do Porto, que foi exibida em vários festivais, tanto nacionais como internacionais, recebendo vários prémios. Esta é a história de um rapaz com excesso de peso, que frequenta um clube de nome Balança, onde pessoas com fetiche por comida se encontram regularmente. Ali, apesar disso, vê-se sozinho. Influenciado pelos _media_, resolve começar a fazer dieta, sendo, finalmente, abordado por raparigas, no entanto, descobre que já não pode voltar a entrar no seu bar predileto, o que o faz voltar ao seu peso antigo. A presente curta-metragem tem um ótimo trabalho de direção de fotografia e de direção artística, criando um mundo ora soturno, ora bastante animado e colorido, onde a simetria é essencial, e a música escolhida torna-se também muito caricata, sendo importante para a história, já que esta carece de diálogos. De facto, a curta é uma espécie de crítica a um dos problemas da nossa sociedade, em que ainda é dada muita importância à aparência das pessoas, mas fá-lo de forma subtil e diferente, chegando à conclusão que, no fim, o que conta é o interior.

Balança

Lembram-se daqueles peixinhos usados nos tratamentos de dermatologia? Pois bem, eles são chamados de [peixes-médico](https://pt.wikipedia.org/wiki/Peixe-m%C3%A9dico), ou usando o nome científico, os _Garra rufa. _Este é o nome desta curta metragem, realizada por Timothy Chan no seu terceiro ano em Sheridan College, no Canadá. A curta metragem leva analogia ao extremo, tornando-a numa metáfora interessante que explora a mente de um psicólogo. Existem aquelas perguntas que todos nos perguntamos como, "precisam os médicos de ir aos médicos?", "precisam os padres de se confessar?", "precisam os mecânicos de ir ao mecânico?". Acontece que por vezes conseguimos lidar facilmente com os problemas dos outros, mas no que toca aos nossos próprios problemas, somos tão impotentes como se fôssemos um paciente qualquer. Obrigado ao Tiago Azevedo pela sugestão desta curta!

Animação

Garra Rufa

"NUGGETS", de Andreas Hykade. "Nuggets" faz uma analogia crua da vida de um dependente de drogas, sob uma metáfora com uma pequena ave, um Kiwi. Desde a fase primária, até às trevas. Com uma animação simples, com samples e audio extremamente eficazes no ênfase de uma imagem bidimensional e quase monocromática, a narrativa é mensurada a pensar no espectador de todas as idades. Sempre com o cunho pedagógico e rematando com um final audaz e cheio de intenção. Esta curta, está a correr a Web, contando com mais de 4 milhões de visualizações no espaço de um mês.

Nuggets

_A Van Gogh Tribute_, ideia original de Maria Inês Santos e realização de João Pais da Silva, é feito na unidade curricular de fotografia, inserida no curso de cinema, da UBI (Universidade da Beira Interior). A curta insere, num só plano de sequência,a recriação de várias obras de Van Gogh. Comecemos com o pano de fundo cuja alusão é a uma das obras mais conhecidas de Van Gogh, _A Noite Estrelada_ de1889, com as cores diretamente aplicadas do tubo para a tela, onde prevalecem as cores primárias, tal como o amarelo. A posição e fisicalidade do ator, são semelhantes ás do pintor, cuja carreira artistica é marcada pela criação de enumeros auto-retratos, como é exemplo o _Auto-Retrato_ de 1889\. Por fim, outro ponto notável, é quadro _Os Girassóis,_ de 1888, que se destaca entre pinturas de Van Gogh, como uma das mais iconicas, não só do artista mas também do próprio movimento. Assim, num só plano, reuniram-se as pinceladas mais conhecidas do pintor Vincent Van Gogh, uma referência do pós-impressionismo. Uma curta levada a cabo por estudantes de cinema, que conseguiram trazer terceira dimensão ás pinturas de planos colados e pinceladas duras deste génio que foi Van Gogh.

A Van Gogh Tribute

Não há dúvida de que no futuro as máquinas continuarão a assumir funções básicas antes desempenhadas por humanos, como tem vindo a acontecer desde a Revolução Industrial – só que aquilo que é hoje considerado como uma “função básica” de uma máquina seria impensável apenas há algumas décadas. Isso levanta inevitavelmente a questão: será que aquilo que é hoje considerado uma função laboral necessariamente humana, poderá vir a ser assumido por uma máquina no futuro? E avançando tempo suficiente, será que há realmente alguma função laboral humana que não possa ser automatizada? Que impacto é que isso teria no mercado do trabalho, na economia, na maneira como as pessoas vivem? São essas as questões levantadas por _The Last Job on Earth_ (2016), o resultado de uma colaboração entre o jornal _The Guardian_ e o estúdio de animação londrino Moth Collective. _The Last Job on Earth_ é um tipo de trabalho muito incomum mas bastante interessante: uma curta-metragem ficcional encomendada por um jornal para ilustrar e complementar um artigo de opinião. Enquanto que o artigo, de Paul Mason, apresenta uma contextualização do passado, dados contemporâneos e possíveis soluções futuras, a curta dá-nos apenas a imagem desse mundo futuro: um mundo em que a atividade humana deixa de ser vinculada ao conceito de “emprego”, e em que o livre-arbítrio deixa de ocupar um papel central no dia-a-dia – as máquinas marcam consultas no médico, escolhem a roupa e transportam as pessoas por si próprias, sem consultarem os seus “mestres”. Mas como é que as pessoas se habituam a um mundo em que tudo é automatizado em nome da sua comodidade, tanto que as próprias pessoas se tornam dispensáveis? Na curta, vemos algumas a recorrem a um salão de jogos para experimentarem a vida de um consultor financeiro ou de um construtor civil através de óculos de realidade virtual, como forma de escaparem a este futuro e de certa forma regressarem ao _nosso_ presente, pondo em causa os benefícios humanos desta evolução. Com uma animação de traço e tons simples mas poéticos, e um ritmo exemplar auxiliado por uma banda sonora excelente, _The Last Job on Earth_ é uma curta metragem muito pertinente, sobre um tema cuja urgência de ser discutido só continuará a crescer.